Tenho insuficiencia cardiaca e agora?

Você tem o diagnóstico de insuficiência cardíaca e agora quais são os próximos passos, como cuidar, quais os segredos? Essas são as respostas que quero fornecer com estes artigos visando uma melhora no tratamento de sua enfermidade. O dia dia no consultório ou hospital pode reduzir as informações então vamos documentar isso de maneira simples, informal e cientifica para ajudar você nesta caminhada .

  1. DIETA E ALIMENTOS
  2. HÁBITOS DE VIDA
  3. REABILITAÇÃO
  4. HÁBITOS DE VIDA
  5. VACINA
  6. AVALIAÇÃO FAMILIAR
  7. RESTRIÇÃO DE LIQUIDO E SAL

Dieta

A orientação nutricional tem fundamental importância no tratamento , contribuindo para maior equilíbrio da doença, melhorando a qualidade de vida com impacto positivo no seu tratamento e evolução.

Você deve procurar uma nutricionista para

  • diagnóstico nutricional
  • e planejamento alimentar de forma clara e simples.

 A nutricionista fará  o diagnóstico da qualidade e da quantidade alimentar, possibilitando identificar suas preferências e aversões, além das limitações de ordem cultural e econômica que possam interferir na orientação dietética. É fundamental.

Composição da dieta

O excesso de substratos energéticos obtidos via dietas hipercalóricas ou nutricionalmente desequilibradas pode contribuir em certas situações para o desenvolvimento e progressão da insuficiencia cardiaca, através de mecanismos relacionados à glicotoxicidade e lipotoxicidade.

  • Evitar açúcar.
  • Sódio – De 2 a 3g/dia na ausência de hiponatremia ( Sódio baixo no sangue). Segue exemplos de sódio (sal) disfarçado em nossa alimentação
    • Sal de adição: saleiro

      Alimentos industrializados e conservas:

                                 • Caldo carne concentrado • Bacalhau • Charque • Carne seca • Defumados • Sopa em pacote

      Condimentos em geral:

                                 • Ketchup • Mostarda • Shoyo Pickles, azeitona, aspargo, palmito

      Panificados: fermento contém bicarbonato de sódio

      Amendoim, grão de bico, semente de abóbora, salgados

      Aditivos: glutamato monossódico

      Medicamentos: antiácidos ( Sal de frutas entre outros)

  • Líquido – A restrição deve ser de acordo com a condição clínica do paciente e deve ser considerada a dose de diuréticos (furosemida, Hctz, clortalidona). Em média a ingestão de líquidos sugerida é de 1.000 a 1.500 ml.
  • Álcool – Há a necessidade de completa abstinência do álcool principalmente para pacientes com insuficiência cardíaca causada por álcool, por causar do maleficio ao músculo cardíaco e precipitar arritmias.
  • Suplemento nutricional – Indicado nos pacientes com dificuldade em alimentar, má absorção de nutrientes, uso de medicamentos que alteram a produção ou que aumentam a excreção de nutrientes, e em estado de hipercatabolismo ( degradação intensa de substratos de energéticos como inflamação entre outros). Nos casos de anorexia, refeições pequenas e freqüentes ou até alimentação por sonda provisória, podem contribuir para a meta calórica diária.
  • Monitoramento do peso corporal – você deverá verificar diariamente o seu peso. Redução acima de 6% em 6 meses, não planejada, pode ser indicativa de caquexia cardíaca, assim como, o aumento repentino e inesperado de dois ou mais kilos em curto período (3 dias), pode indicar retenção hídrica.

Vacinação

A presença de Insuficiência Cardiaca é uma condição de alto risco para infecções do trato respiratório( nariz, boca e pulmões), podendo levar à descompensação clínica (falta de ar, inchaços e outros), tendo como conseqüência o aumento das internações e complicações. Diante da necessidade preventiva, os pacientes devem receber vacina contra Influenza (anualmente) e Pneumococcus (a cada cinco anos e a cada três anos em pacientes com IC avançada), sobretudo nas localidades de grandes modificações climáticas entre as estações do ano (inverno mais rigoroso).

Tabaco

Cessação

O tabagismo aumenta o risco de doença cardiovascular total, assim como de infecção pulmonar

Antiinflamatórios não esteroidais (AINE)

Os AINES clássicos (ibupropufeno, diclofenaco e naproxeno), assim como os inibidores da Cox-2 (celocoxib, rofecoxib, valdecoxib) provocam retenção hidrossalina e elevação da pressão arterial.

Portanto, os AINES de forma geral devem ser evitados nos portadores de IC. Quando o seu uso for imprescindível, há necessidade de maior vigilância no peso corporal, edema e função renal. Quando a indicação destes agentes for inevitável, parece que o naproxeno apresenta maior segurança cardiovascular.

Drogas ilícitas

Deve ser recomendada abstinência total sem exceções. A cocaína, por exemplo, compromete diretamente a função ventricular podendo induzir arritmias potencialmente fatais.

Orientações para viagens

Alguns pacientes com insuficiência cardíaca devem evitar viagens aéreas ou dirigir veículos * porém não fique preocupado procure seu cardiologista ele vai informar tal condição. Orienta se uso de meia-elástica de média compressão para viagens prolongadas, devendo ser avaliado por seu médico principalmente viagens prolongadas acima de 4 horas.

Clínicas de insuficiência Cardiaca.

Clínicas especificas, com corpo multidisciplinar( enfermeira, fisioterapeuta, psicologo e educador físico), capaz de fornecer assistência integral ao paciente, levando em consideração o conjunto de determinantes: biológico, psicológico e social. As evidências têm demonstrado que o acompanhamento dos pacientes nas clínicas de IC melhora a adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico, diminui o número de hospitalizações relacionadas diretamente à doença, com conseqüências diretas na qualidade de vida.

Suporte psicológico do paciente e da família

O diagnóstico de uma doença grave e progressiva pode gerar frustrações e desestruturação psicológica para o paciente e sua família, pois é o primeiro grupo na sua relação. A adaptação à restrição funcional é sempre difícil; produzindo sensação de perda que reflete sua nova situação de vida. Mudar o estilo de vida implica em uma ameaça quase sempre cercada de ansiedade, angústia, medos, questionamentos e dúvidas. Por outro lado, considerando que a família convive com o paciente e sua doença, a mesma deve ser acompanhada e orientada, compartilhando perdas, limitações e cuidados. Vale ressaltar que o envolvimento familiar e a motivação do paciente, são imprescindíveis para a adesão às mudanças de estilo de vida. * Procure um psicologo.

Planejamento familiar e medidas anti-estresse

Algumas mulheres com insuficiência cardiaca devem ser desaconselhadas a engravidar*  procure seu médico para mais informações. Pacientes com IC devem receber orientação sobre o planejamento familiar. A orientação sobre os métodos contraceptivos deve ser individualizada de acordo com seu médico. Apesar da recomendação de combate ao estresse, entre as medidas não farmacológicas no tratamento da IC, sua aplicação na prática tem sido pouco implementada. Meditação melhora a qualidade de vida de pacientes com IC. A utilização de intervenções comportamentais tais como aprender a relaxar, a meditar e o biofeedback no tratamento de pacientes com falência cardíaca tem recebido pouca atenção até o momento. No entanto, a própria natureza dessa síndrome que envolve ativação neuro-hormonal, sugere um papel potencial dessas técnicas. O estímulo à adoção de medidas anti-estresse, quer em sessões individuais, ou em grupo, deve fazer parte das orientações não farmacológicas .

Reabilitação cardíaca

  • Conceito

A alta morbidade e mortalidade assim como a persistente intolerância ao esforço físico que ocorre nos pacientes com IC crônica apesar da terapêutica farmacológica otimizada, levanta a necessidade de pesquisar novas estratégias de tratamento como o treinamento físico regular e contínuo. Atualmente existem evidências de que a redução do nível de atividade física (secundária à progressão dos sintomas da IC) leva ao descondicionamento físico, que contribui para aumentar ainda mais os sintomas e a intolerância ao exercício. A limitação de atividade física reduz progressivamente a capacidade funcional produzindo efeitos psicológicos negativos e comprometimento da resposta vasodilatadora periférica configurando a disfunção endotelial. Estudos randomizados documentaram os benefícios do treinamento físico na capacidade funcional máxima e submáxima, na qualidade de vida, na miopatia esquelética respiratória e de membros, no balanço autonômico, no perfil neurohumoral e na redução de re-hospitalizações. Estudo multicêntrico (HF-Action) cujos resultados foram apresentados recentemente não demonstrou benefício quanto à mortalidade ou hospitalização na IC. Revisões sistemáticas sugerem que o procedimento é seguro, com efeitos positivos na sobrevida e raros efeitos adversos

Atividade sexual

Alguns fármacos como os inibidores orais da fosfodiesterase 5 (PDE5) têm sido estudados em pacientes com disfunção erétil e portadores de IC. Não há evidências de que o uso de PDE5 aumente o risco de infarto do miocárdio ou estimulem progressão da insuficiência cardiaca, exceto naqueles pacientes que fazem uso de nitratos( Monocordil, isordil, sustrate, tridil, nitroglicerina), em que o seu uso tem contra indicação formal, pois poderá acarretar hipotensão arterial severa. As informações a respeito da atividade sexual deverão partir do médico assistente, durante a consulta médica.

Atividade laborativa

Nos trabalhadores com tarefas laborativas de força, a troca de função deve ser avaliada de modo individual e periódico e somente após otimização do tratamento farmacológico e não farmacológico. A individualização de cada paciente dentro de seu contexto deve ser levada em consideração na tomada de decisão . A realocação deve ser sempre uma meta a considerar, contudo depende de vários fatores relacionados ao paciente, como por exemplo, o nível educacional.

No entanto, duas situações devem ser avaliadas:

a) quando a atividade profissional não interferir na progressão, nos sintomas e na gravidade da doença, a realocação não é necessária;

b) quando a atividade laborativa impactar diretamente na gravidade da doença, a realocação deverá ser avaliada.

Teste ergoespirométrico

O teste de esforço cardiopulmonar é uma técnica bem estabelecida para avaliação da tolerância ao exercício.O teste ergoespirométrico de caminhada de 6 minutos, introduzido por Guimarães e Bocchi, também pode ser uma ferramenta na avaliação funcional de pacientes com insuficiência cardíaca, pois reflete o exercício das atividades habituias.

Prescrição do exercício

Além de ser seguro e não aumentar a mortalidade, melhora a qualidade de vida, e o desempenho funcional. Tradicionalmente o método utilizado para prescrição de exercício aeróbico é a caminhada ou o cicloergômetro, mas recentemente, a atividade física intervalada tem sido demonstrada como método efetivo, seguro e bem tolerado em pacientes com IC. A carga de trabalho é realizada em blocos de menor e maior intensidade, variando de 50 a 80% da freqüência cardíaca máxima.

Programa de treinamento físico domiciliar, hidroterapia, yoga, meditação e tai chi chuan também têm sido proposto alternativamente para pacientes com IC. Assim como o programa de atividade física formal, esses programas parecem ser seguros e efetivos em diminuir sintomas e melhorar a qualidade de vida de pacientes com IC. O condicionamento físico deveria ser estimulado para todos pacientes com IC estável que sejam capazes de participar de programa de treinamento físico. Assim como a terapêutica clínica cuida de manter a função de compensação dos órgãos, a atividade física promoveria adaptações fisiológicas favoráveis, melhorando a qualidade de vida nesses pacientes.

Sobre Dario Santuchi MD,MSc Cardiologista 476 Artigos
Médico Cardiologista com Mestrado em Ciências da Saúde, Medicina e Biomedicina, Diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia capitulo Espirito Santo biênio 20/21 e atualmente é Diretor do Hospital Linhares Medical Center e Titular da Cardiologia do Hospital Rio Doce em Linhares, Espirito Santo. CRM-ES 11491 RQE 10191 / 13520.

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