O tratamento intensivo da COVID-19 no Linhares Medical Center
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Olá, como vai? Estamos aqui novamente para falar de Medicina e Saúde no Bate-Papo das Seis. E hoje nós vamos falar de um tema que esperávamos que não fosse mais atual, mas ainda persiste: o tratamento intensivo da COVID-19. Tenho o prazer de receber três pessoas que estão em Linhares e ajudam no combate a essa doença. Vamos falar dos cuidados intensivos necessários.
Para isso, estão conosco três especialistas do hospital LMC. Primeiro, a Dra. Débora Eulálio, cardiologista e especialista em clínica médica, responsável pelo setor de clínica médica do hospital LMC. Ao lado dela, o Dr. José Albani, nefrologista e intensivista, que veio de São Paulo para ser um dos responsáveis pela UTI do nosso hospital. Também está conosco o Dr. Rodrigo Figueiredo, coordenador das UTIs, que faz um trabalho brilhante em Colatina e agora está em Linhares.
Começaremos com o Dr. Albani, que veio de São Paulo com vasta experiência em terapia intensiva. Ele comentou que nunca viu nada tão devastador como a COVID-19. Albani, você mencionou que nunca presenciou nada tão trabalhoso quanto os pacientes com COVID-19, que são extremamente graves e trouxeram uma grande sobrecarga de trabalho e estresse para os profissionais de saúde. Pode nos falar mais sobre sua experiência?
Dr. José Albani: Eu vim de São Paulo a convite do Rodrigo, um grande amigo. Vim para ajudar a estruturar a UTI e serei o diretor clínico do hospital. Tenho 32 anos de formado e faço terapia intensiva há 34 anos. Realmente, nunca presenciei nada tão terrível quanto a COVID-19. Os pacientes são extremamente graves, requerem ventilação mecânica e muitos fazem diálise. Isso trouxe um ônus enorme para a sociedade e para os profissionais de saúde, pois é uma doença desconhecida. No início, não sabíamos como tratar. Hoje, temos mais informações, mas ainda é uma doença que nos deixa sem muitas alternativas.
Dr. Rodrigo Figueiredo, você coordena três UTIs em Colatina e já lida com a pandemia desde o início. Como está a situação atualmente?
Dr. Rodrigo Figueiredo: Boa noite a todos. Tenho muito orgulho de estar aqui com essas pessoas maravilhosas. Em Colatina, coordeno três serviços de terapia intensiva, com seis unidades de UTI. Duas são gerais e quatro são voltadas para COVID-19. Agora temos mais duas UTIs no LMC, também para COVID-19. No início, enfrentamos muitos desafios, mas hoje já temos uma experiência maior. O tratamento melhor para o paciente com COVID-19 é o cuidado na terapia intensiva, com equipes bem preparadas.
Dra. Débora, você veio de Belo Horizonte e está cuidando da parte assistencial e de enfermaria no LMC. Como está sendo essa experiência?
Dra. Débora Eulálio: Primeiramente, agradeço a oportunidade de estar aqui. Em Belo Horizonte, a situação não era muito diferente. Saí de lá há cerca de 30 a 40 dias, em um momento muito difícil, com falta de leitos. Em nossa enfermaria, os pacientes que vêm do CTI estão em reabilitação, ainda muito inflamados e necessitando de suporte. Precisamos dar todo o suporte para que haja uma reabilitação e que possamos liberar os pacientes o quanto antes para o convívio com seus familiares. É um trabalho muito gratificante ver a alta bem-sucedida dos pacientes.
Dr. Albani, você mencionou que muitos erros foram cometidos no início, como a questão de ficar em casa depois dos sintomas. Pode falar mais sobre isso?
Dr. José Albani: No início, não conhecíamos o espectro da doença. Hoje sabemos que o paciente começa a piorar do sétimo ao décimo dia. A janela em que o paciente começa a piorar é no final da primeira semana. Isso traz muita angústia, pois não sabemos qual caminho o paciente vai seguir. Além disso, muitos medicamentos que foram testados no início não têm ação comprovada. O melhor remédio ainda é não precisar de terapia intensiva, se vacinar e manter medidas de higiene.
Estamos chegando ao final do primeiro bloco. Voltamos em seguida para falar mais sobre os cuidados com pacientes que necessitam de intubação e os resultados que temos obtido. Até já!
Voltando para o segundo bloco, falando da terapia intensiva em pacientes com COVID-19. Hoje fazem 30 dias do início das operações do hospital focado nesses pacientes. Os dados mostram que a mortalidade dos pacientes intubados é muito alta, chegando a 92% em alguns centros. Isso assusta, pois a cada 100 pacientes intubados, apenas 4 a 8 conseguem sair. Dr. Rodrigo, pode nos falar mais sobre isso?
Dr. Rodrigo Figueiredo: Os pacientes que vão para a terapia intensiva geralmente evoluem de forma grave e necessitam de ventilação mecânica por um tempo elevado. A mortalidade desses pacientes é alta, especialmente com infecções secundárias. O suporte que damos na UTI é crucial, e o resultado depende muito da equipe. Aqui no LMC, já temos pacientes crônicos que venceram a primeira fase e agora estão em reabilitação. Temos que individualizar o tratamento e estar sempre presentes.
Dra. Débora, você está na enfermaria. Qual é o limite para transferir um paciente para o CTI?
Dra. Débora Eulálio: Na enfermaria, recebemos pacientes em extrema necessidade de internação, geralmente com alto fluxo de oxigênio ou máscara com reservatório. Esses dispositivos têm um limite, e quando o paciente não consegue mais se manter estável, ele precisa do suporte ventilatório do CTI. Na enfermaria, monitoramos esses pacientes de perto, mas quando a situação se agrava, a transferência para o CTI é inevitável.
Vamos agora para o terceiro bloco, onde falaremos sobre as novas tecnologias disponíveis para o tratamento da COVID-19. Até daqui a pouco.
Voltando para falar sobre terapia intensiva na COVID-19 e as tecnologias envolvidas. Dr. Rodrigo, quais são as tecnologias que podem ajudar a evitar a intubação e minimizar os riscos quando o paciente já está intubado?
Dr. Rodrigo Figueiredo: Antes da intubação, podemos usar suporte de oxigênio e ventilação não invasiva, como a cânula nasal de alto fluxo, que é mais confortável para o paciente. Quando a intubação é necessária, usamos ventiladores mecânicos multiprocessados, que permitem ventilar o paciente de várias maneiras. A tecnologia nos permite individualizar o tratamento para cada caso, o que faz toda a diferença.
Temos uma pergunta do Dr. Joel Gilbert sobre a mudança na idade dos pacientes nas UTIs após a vacinação. O que vocês têm observado?
Dr. José Albani: A vacinação tem mudado o perfil dos pacientes nas UTIs. Em lugares como Israel, a vacinação eliminou quase totalmente as internações e mortes de idosos. No Brasil, ainda vemos muitos pacientes jovens nas UTIs, sem comorbidades. A vacinação está ajudando, mas ainda temos muitos jovens em estado grave.
Infelizmente, nosso tempo está acabando. Agradeço a todos pela participação. Dra. Débora, suas considerações finais?
Dra. Débora Eulálio: Agradeço a oportunidade. Temos muito trabalho pela frente, mas estamos preparados para isso. Vamos continuar dando o nosso melhor.
Dr. José Albani: Agradeço a oportunidade e a confiança da equipe do LMC. Vamos fazer um excelente trabalho aqui.
Dr. Rodrigo Figueiredo: Agradeço a confiança no nosso trabalho. Vamos continuar trabalhando duro para combater essa pandemia.
Agradeço a todos os profissionais que estão trabalhando incansavelmente. Até o próximo programa!
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