doenças do aparelho digestivo, com ênfase no câncer

No programa “Bate-Papo Medicina e Saúde”, o tema abordado foi doenças do aparelho digestivo, com ênfase no câncer. O Dr. João Eduardo Tinoco conduziu a discussão com a participação do Dr. Bruno Guidini, gastroenterologista, e do Dr. Bruno Vidigal, cirurgião oncológico.

O programa destacou a importância da prevenção e do diagnóstico precoce para aumentar as chances de cura do câncer do aparelho digestivo. Foram discutidos diversos tipos de câncer que podem afetar o esôfago, estômago, intestinos delgado e grosso, fígado e pâncreas, e as diferentes formas de diagnóstico e tratamento.

A conversa abordou fatores de risco como estilo de vida, dieta, consumo de álcool e tabaco, além de fatores genéticos. Os especialistas enfatizaram que sintomas como perda de peso inexplicada, dor abdominal persistente, dificuldade de engolir, anemia e sangramentos gastrointestinais são sinais de alerta que devem levar à procura imediata por um médico.

Para o rastreamento do câncer colorretal, foi mencionada a importância da colonoscopia a partir dos 45 anos, com repetição do exame dependendo dos achados. No caso de cânceres do trato gastrointestinal superior, a endoscopia digestiva é o exame principal. Os participantes frisaram a importância de um diagnóstico precoce, que possibilita tratamentos menos invasivos e maior chance de cura.

O programa finalizou ressaltando a importância de hábitos saudáveis e a necessidade de buscar atendimento médico ao menor sinal de problema, destacando a relevância da prevenção e do acompanhamento regular para manter a saúde do aparelho digestivo.

Na integra:

Olá, tudo bem? Bate-papo Medicina e Saúde. Hoje vamos abordar o tema de doenças do aparelho digestivo, com foco principal na parte de câncer do Aparelho Digestivo. Meu nome é João Eduardo Tinoco. Lembrando que estamos simultaneamente pelo YouTube e pela rádio SIM 106.1. Tenho o prazer de ter conosco hoje Dr. Bruno Guidini, gastroenterologista especialista na parte de endoscopia digestiva e colonoscopia, e também Dr. Bruno Vidigal, cirurgião oncológico. Bem-vindos a todos.

Obrigado. Então, vamos começar nesse tempo, fugindo um pouco dessa questão do coronavírus, que é um assunto dominante em todas as rodas de conversa, quando se tem roda de conversa, porque o isolamento social já é muito restrito. Mas o nosso assunto é muito importante, é uma doença bem prevalente. Temos vários quadros que levam à doença do aparelho digestivo, principalmente no mundo de hoje, associado ao estresse.

Começamos pelo estômago. Antes, previamente, tínhamos a causa dos sangramentos, as úlceras. O tratamento era totalmente diferente do que você tem hoje. A evolução da Medicina foi mudando isso um pouco. Vamos começar com o Dr. Bruno Guidini para falar um pouco dessa doença do aparelho digestivo e quais os passos para falarmos de cada setor de uma forma, chegando depois num diagnóstico e posteriormente ampliando para o tratamento.

Bom, o câncer do Aparelho Digestivo afeta todas as partes do aparelho digestivo: esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, também outros órgãos como fígado e pâncreas. Cada doença e acometimento é diferente, com tratamentos e formas de diagnóstico diferentes. Os sintomas muitas vezes são tardios, então não se deve esperar ter sintomas para começar a se prevenir e tomar os cuidados necessários.

Como se prevenir? A prevenção do câncer, de forma geral, é multifatorial. Falamos em fatores ambientais, incluindo estilo de vida, alimentação, e fatores genéticos. Tudo que é fator de risco deve ser eliminado. O estilo de vida é muito importante, uma alimentação saudável, evitar substâncias como álcool e tabaco, obesidade, sedentarismo, tudo isso influencia no desenvolvimento dessa doença que assusta e preocupa muita gente. Dessa forma, o primeiro passo é começar a prevenir.

Bruno, você que mexe muito com a parte oncológica, esse paciente geralmente evolui assintomático ou, depois de uma certa idade, ele deve começar a se preocupar com alguns sintomas e características que vão aparecendo com cada tipo de doença? Vamos tentar destrinchar um pouco o que esse paciente tem que se preocupar ao começar a sentir.

Isso que o Bruno falou é muito importante. O paciente demora a ter um sintoma característico daquele órgão para ele ou o médico que está acompanhando querer procurar ajuda. Não existe um método de rastreio igual ao que temos para colo de útero e mama, onde fazemos diagnóstico antes do paciente ter sintomas. Eventualmente, descobrimos tumor de câncer precoce de esôfago e estômago numa endoscopia feita por gastrite ou outra razão, mas o grosso é detectado em um caso mais avançado.

Hoje, pela experiência que temos aqui, principalmente no centro oncológico, o paciente chega com sintomas após 6-8 meses sem comer direito, perdendo peso, ficando amarelo, com anemia, e aí resolve fazer os exames e procurar o médico, diagnosticando alguma coisa. Evita-se procurar o médico achando que se evita a doença. Até hoje, o câncer é um tabu muito grande, muita gente prefere não saber e não tratar.

Avançamos muito na parte de tratamento, e embora às vezes não consigamos a cura, conseguimos dar sobrevida e qualidade de vida por 4-5 anos. Até pouco tempo atrás, câncer era igual a morte, hoje temos um arsenal muito grande para usar.

Lembrando que, como falamos em aparelho digestivo, começamos desde a boca até o ânus, com diferentes causas e vários fatores que podem desencadear patologias. Temos casos clássicos de pacientes fumantes que desenvolvem câncer na cavidade oral, na base da língua, e assim por diante. Alimentação é um fator importante. Mudar um estilo de vida é mais difícil do que tomar medicação. As pessoas se habituam à alimentação e ao sedentarismo, e não acham que isso pode desenvolver outras doenças.

Quando falamos em alimentação, devemos preferir alimentos pouco processados, evitar industrializados com grande quantidade de conservantes, sal, sódio, e gorduras. O excesso de carne vermelha deve ser evitado, e uma dieta rica em fibra, com verduras e frutas, melhora o trânsito intestinal e proporciona uma alimentação mais saudável, evitando o desenvolvimento de doenças futuras.

Pessoas com hábitos mais constipados, evacuações irregulares, têm maior risco. A constipação favorece o crescimento de câncer na idade mais avançada. Um estudo de 2006 mostrou que pessoas com hábitos saudáveis têm 60% menos chance de desenvolver câncer do aparelho digestivo. Isso vale para todas as especialidades, doenças coronarianas, e fatores como cigarro, alimentação gordurosa, e sedentarismo são importantes. Estilo de vida influencia em todas essas doenças.

Estamos chegando ao final do nosso primeiro bloco. Daqui a pouco voltamos falando mais sobre prevenção e câncer do aparelho digestivo.

Voltando ao segundo bloco, falando sobre prevenção e investigação do câncer do aparelho digestivo com Dr. Bruno Guidini e Dr. Bruno Vidigal. Quando sentimos algum sintoma, devemos procurar um especialista. O paciente não deve chegar exigindo exames como endoscopia e ultrassom de imediato. Devemos ter um approach inicial, considerando história familiar e sintomas apresentados.

No Brasil, não existe uma recomendação para iniciar rastreio de câncer de estômago e esôfago. No entanto, pacientes de risco e com sinais de alerta, como dor, emagrecimento, sangramento, perda de peso, e anemia, devem ser investigados. Exames como endoscopia digestiva alta, colonoscopia e tomografia são utilizados para diagnóstico e estadiamento. A colonoscopia é essencial para detectar lesões pré-neoplásicas, removê-las e prevenir o câncer colorretal.

A endoscopia digestiva alta é feita com sedação leve, permitindo ao paciente conforto e sem dor. Ela avalia esôfago, estômago, e duodeno, identificando gastrites, úlceras, esofagites, e pólipos, que podem ser removidos e analisados.

No trato digestivo baixo, a colonoscopia é crucial para identificar adenomas e prevenir o câncer. Ela é feita sob sedação, com preparo intestinal, e serve para diagnóstico e tratamento. A prevenção e diagnóstico precoce são fundamentais para o sucesso do tratamento e melhor qualidade de vida.

Estamos chegando ao final do segundo bloco. Daqui a pouco voltamos com o último bloco abordando câncer no aparelho digestivo.

Voltando ao último bloco, abordando câncer do aparelho digestivo. Pacientes com anemia persistente, sem fontes de sangramento aparentes, devem ser investigados. Tumores no cólon direito podem causar anemia sem sintomas evidentes. Exames como endoscopia, colonoscopia e tomografia são essenciais para diagnóstico e estadiamento.

O câncer anal pode ter relação com doenças infecciosas, especialmente HPV. O câncer colorretal é diagnosticado principalmente como adenocarcinoma, que pode se originar de adenomas. O rastreio do câncer colorretal começa aos 45 anos, com colonoscopia ou colonoscopia virtual, para detectar e remover adenomas, prevenindo o câncer.

A colonoscopia é um exame feito sob sedação, com preparo intestinal, e é essencial para detectar e tratar lesões pré-malignas. A prevenção e diagnóstico precoce são fundamentais para o sucesso do tratamento.

A mensagem final é que a melhor forma de prevenir é mudar hábitos de vida, como alimentação saudável, exercício físico, evitar tabagismo e álcool. O câncer é uma doença multifatorial e, apesar dos avanços no tratamento, a prevenção é a melhor forma de evitar suas consequências.

Agradeço a todos pela participação e aos doutores Bruno Vidigal e Bruno Guidini pelos esclarecimentos. Um grande abraço e até a próxima.

 

Sobre Dario Santuchi MD,MSc Cardiologista 492 Artigos
Médico Cardiologista com Mestrado em Ciências da Saúde, Medicina e Biomedicina, Diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia capitulo Espirito Santo biênio 20/21 e atualmente é Diretor do Hospital Linhares Medical Center e Titular da Cardiologia do Hospital Rio Doce em Linhares, Espirito Santo. CRM-ES 11491 RQE 10191 / 13520.

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