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Aula 5 Coração Elétrico, Contrátil e Micro Anatomia

O pericárdio é inervado por fibras de dor somáticas que seguem nos nervos frênicos (C3-C5), embora o coração seja inervado pelo sistema nervoso autônomo. Os componentes principais dessa inervação padrão incluem:

 

  • Parassimpáticos: derivados do nervo vago (X) que seguem para o plexo cardíaco; a estimulação parassimpática desacelera a frequência cardíaca e diminui a força de contração
  • Simpáticos: derivam dos nervos cervicais e torácicos cardíacos que se originam no núcleo intermediolateral de T1-T4, essas fibras seguem para o plexo cardíaco; estimulações simpáticas
    aumentam a frequência cardíaca e a força de contração
  • Aferentes: fibras nervosas sensitivas seguem do coração nos nervos simpáticos para o gânglio sensitivo do nervo espinal associado aos níveis de T1-T4 da medula espinal; essas fibras conduzem sinais de dor relacionados à isquemia miocárdica

O coração mantém um ritmo espontâneo intrínseco de aproximadamente 100 bpm, mas o tônus parassimpático normal anula essa frequência intrínseca e conserva o coração em repouso com aproximadamente 72 bpm. O músculo cardíaco existe em duas formas:

  • Miocárdio contrátil
  • Miocárdio de condução especializado

O miocárdio de condução especializado não se contrai, mas transmite a onda de despolarização rapidamente através das câmaras do coração. Os impulsos são iniciados no nó sinoatrial (SA) e conduzidos para o nó atrioventricular (AV). Daqui, os impulsos passam pelo feixe atrioventricular comum (de His) e, então, transmitem através dos ventrículos via os ramos dos feixes direito e esquerdo e do sistema das fibras de Purkinje. Componentes desse sistema de condução intrínseco estão resumidos na tabela a seguir.

 

A onda de despolarização, iniciada no nó sinoatrial, e a repolarização do miocárdio geram a eletrocardiografia familiar (ECG) padrão (ondas P, QRS e T), usada clinicamente para avaliar o sistema de condução do coração.

1. Nó sinoatrial 2. Nó atrioventricular 3. Feixe atrioventricular comum 4. Ramos do feixe ventricular
1. Nó sinoatrial 2. Nó atrioventricular 3. Feixe atrioventricular comum 4. Ramos do feixe ventricular

 

A fibrilação atrial é a arritmia mais comum (embora pouco comum em crianças) e afeta aproximadamente 4% das pessoas acima dos 60 anos. Taquicardia ventricular é a disritmia originada de um foco ventricular com uma frequência cardíaca tipicamente maior que 120 bpm. É geralmente associada à doença arterial coronária, pois isquemia miocárdica frequentemente afeta o endocárdio ventricular, onde o sistema de condução de Purkinje está localizado.

 

 

 

Coração Elétrico e Microanatomia

✨ Introdução: Por que isso importa?

Imagine se cada célula do coração decidisse bater no seu próprio ritmo. Em vez de sinfonia, caos. O coração é, essencialmente, um maestro incansável que rege com precisão cada batida que mantém a vida. Compreender sua base elétrica e sua microanatomia não é apenas para “passar na prova”: é compreender a essência do funcionamento cardíaco — e saber agir quando esse compasso falha.


⚡️ Parte 1 – Coração Elétrico: O compasso invisível da vida

🔌 O que é “atividade elétrica” cardíaca?

O coração não espera ordens externas. Ele gera seus próprios sinais elétricos. Essas faíscas invisíveis percorrem uma rede interna chamada sistema excito-condutor, garantindo que o batimento aconteça de forma ordenada.

Principais estruturas do sistema de condução elétrica:

  • Nodo Sinoatrial (SA): o marcapasso natural – inicia o impulso.

  • Nodo Atrioventricular (AV): pequeno atraso para permitir o enchimento ventricular.

  • Feixe de His e fibras de Purkinje: conduzem o impulso rapidamente aos ventrículos.

🎵 O coração como orquestra: o conceito de sincício funcional

Os cardiomiócitos, ao contrário dos músculos esqueléticos, estão conectados por discos intercalares com gap junctions, que permitem a transmissão direta dos estímulos elétricos — como músicos seguindo o mesmo maestro sem atraso.


🔬 Parte 2 – Microanatomia do Coração: Uma engrenagem precisa

🧬 O que é um cardiomiócito?

  • Célula cilíndrica, rica em mitocôndrias e envolta por túbulos T e retículo sarcoplasmático (RS).

  • Contração controlada pelo sarcômero, a unidade básica com filamentos de actina e miosina.

🧠 Sincício + bioquímica = contração

  1. Potencial de ação → abre canais de Ca²⁺ tipo L.

  2. Pequena entrada de Ca²⁺ → ativa receptores de rianodina no RS.

  3. Liberação maciça de Ca²⁺ → liga-se à troponina C → liberação dos sítios de actina.

  4. Formação da ponte actomiosina → contração!


⚙️ Parte 3 – Mecanismos de Regulação da Contração

🧪 Excitação-Contração: Como eletricidade vira movimento?

 

EtapaAcontecimento
RepousoPouco Ca²⁺ no citosol; troponina bloqueia actina
EstímuloCa²⁺ entra por canais L → libera Ca²⁺ do RS
ContraçãoCa²⁺ liga à troponina C → exposição da actina → miosina se liga
RelaxamentoSERCA reabsorve Ca²⁺ para o RS → fim da contração

🎯 Papel do Sistema Nervoso Autônomo

  • Simpático (β1): aumenta AMPc → mais Ca²⁺ → mais força (inotropismo)

  • Parassimpático (M2): ativa proteínas Gi → reduz AMPc → freia o coração


🧠 Parte 4 – Termos Essenciais da Fisiologia Cardíaca

 

TermoSignificado
CronotropismoFrequência dos batimentos (automatismo)
DromotropismoVelocidade de condução elétrica
InotropismoForça da contração
BatmotropismoCapacidade de ser excitado por um estímulo
LusitropismoCapacidade de relaxar após a contração

🎓 Conclusão: Da teoria à prática clínica

Compreender esse ballet eletromuscular é essencial para:

  • Entender arritmias (como extrassístoles ou bloqueios).

  • Avaliar uso de drogas como digitálicos ou β-bloqueadores.

  • Aplicar no raciocínio de casos clínicos como IC, IAM, marcapassos.


📚 Roteiro de Estudo

Pontos-chave:

  • Papel do nodo SA como marcapasso

  • Sincício funcional e discos intercalares

  • Papel do cálcio na contração muscular cardíaca

  • Mecanismo de ação da SERCA e fosfolambam

  • Influência do SNA sobre a contratilidade

Perguntas para fixação:

  1. Por que o coração pode bater mesmo fora do corpo por alguns minutos?

  2. O que é uma extrassístole e como ela pode acontecer?

  3. Explique a sequência de ativação elétrica do coração.

  4. Qual a função do cálcio e da troponina C na contração?

  5. O que significa dizer que o coração tem “automatismo”?

 

 

-Médico Especialista em Clínica Médica e Cardiologia com Mestrado em Ciências da Saúde - Medicina & Biomedicina
- Professor Universitário - Cadeira de Ciências Morfofuncionais aplicadas à Clínica na Universidade Anhanguera e UVV. - Diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia capitulo Espirito Santo 20/21. Membro da Equipe de Cardiologia do Hospital Rio Doce, Hospital Unimed Norte Capixaba e Hospital Linhares Medical center. CRM-ES 11491 RQE 10191 - RQE 13520

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